sábado, 13 de outubro de 2012

Educação, Globalização, Inclusão e Exclusão Social


A EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA E A GLOBALIZAÇÃO INCLUSÃO E EXCLUSÃO SOCIAL

 

Arão Marques da SILVA, sociólogo e professor da disciplina sociologia geral no ensino médio na E.E.E.M. general Euclydes Figueiredo.

 

Resumo:

 

A cada período da história da humanidade, os avanços e recuos do homem obrigam-no a ressignificar suas representações de tempo e espaço; no processo de apropriação e construção do conhecimento; e na cristalização do saber e na formação do cidadão.  No presente artigo, analiso de forma breve alguns fatores que contribuem para a exclusão  e inclusão do trabalhador na sociedade capitalista ao mesmo tempo, em questiono o papel da educação diante das transformações tecnológicas, culturais, políticas, sociais, e econômicas da contemporaneidade. Nesta perspectiva, discuto ainda, a globalização os ideais capitalistas das grandes potências mundiais que se propagaram pelos países menos desenvolvidos. Mesmo com  suas estruturas socioeconômica e política ainda em desenvolvimento, essas nações possibilitaram a instalação das multinacionais, e isso vem desencadeou o avanço tecnológico a inclusão e a exclusão social de parte da sua mão-de-obra.

 

Palavras-chaves: Educação, avanço tecnológico, globalização, inclusão e exclusão do trabalhador.

 

1                            Introdução

 

 

O trabalho científico é desafiante, mas a tarefa de refletir e analisar um  fenômeno social,  e neste caso, entender as novas tecnologias e o seu uso na escola como uma ferramenta de inclusão foi uma provocação e, exigem do pesquisador uma intensa dedicação e reflexão, tendo de  selecionar os instrumentos  metodológicos mais adequados capazes de fazê-lo  atingir os objetivos desejados.

O Percurso  Metodológico – Fiz  a opção de trabalhar com a análise bibliográfica de alguns textos. Considero, relevante compreender a função social e uso das novas tecnologias na educação com ferramentas de aprendizagem e de apropriação de saberes por alunos e professores. Este artigo foi construído a partir de um apanhado de discussões que tivemos em classe, enquanto as disciplinas obrigatórias do curso foram ministradas. Olhar do pesquisador, neste sentido é que informa as mudanças das coisas, isso pelo fato do olhar  ser socialmente desenvolvido. Aqui, faço algumas considerações sobre o desenvolvimento técnico-científico e o uso das novas tecnologias na escola.

Nesta perspectiva, o desenvolvimento técnico-científico tem assumido um ritmo crescente nas últimas décadas. Isto possibilita o rompimento da barreira do espaço e do tempo, intensificando dessa forma a globalização, a inclusão e a exclusão social. Mesmas as novas tecnologias da comunicação e da informação estando presentes em algumas escolas; muitas não as utilizam como ferramenta de aprendizagem; não tem um docente com habilidades para trabalhar com o computador na  Escola, por exemplo. Poucas são as escolas que possibilitar o pensar e o fazer sobre as novas tecnologias. Isto porque a escola ainda não rompeu com o pensamento positivista de ensino, em que o aluno é um mero reprodutor do conhecimento e que precisa de alguém ou de algo que lhe diga o que fazer e como fazer, não permitindo ao mesmo investigar, comparar, generalizar e transformar informações em saberes.

 

2         Educação Tecnológica: um instrumento a serviço do sistema capitalista

 

Estamos vivendo numa sociedade em constantes mudanças que se organizam e reorganizam de acordo com as características da sociedade, da globalização da economia e da virtualidade, as quais produzem novas e mais sofisticadas formas de inclusão e exclusão. Apenas adentrando criticamente nessa sociedade e buscando compreender seus instrumentos e dinâmicas de mobilização e expansão é que podemos nos apropriar e utilizar seus recursos e meios de interação para a emancipação humana.

A Pós-Modernidade é caracterizada por profundas mudanças de paradigma, e pela rapidez como as informações circulam no planeta. Além disso, pela degradação da humanidade, através do crescente aumento dos excluídos, pela xenofobia, discriminação racismo,  terrorismo, etc. Ao mesmo tempo em que a humanidade vem passando por profundas transformações, principalmente, como o avanço das novas tecnológicas. A sociedade  Pós-Moderna mergulhou  em fenômenos como a: internet, a globalização, clonagem, biotecnologia, etc, do outro lado, ocorre à degradação do homem e do meio ambiente, a miséria, o consumismo, etc.  As transformações pelas quais a sociedade Pós-Moderna vem passando, tanto em relação à cultura, com em relação à teoria do conhecimento, isso devido os avanços técnico-científicos como a clonagem, a biotecnologia,  a informática, etc, não possibilitou o desenvolvimento social humanidade. Apenas em alguns lugares do planeta as pessoas têm qualidade de vida compatível com os avanços técnico-científicos, mais da metade da população do planeta  continua a viver  com salários de subsistência.

Essas transformações de modelos e paradigmas produzem crises sem precedentes. As mudanças aceleradas nos modelos de produção (fordismo[1], toyotismo[2], etc,) e o aumento da riqueza e do consumo, possibilitaram o  desenvolvimento do capitalismo e proporcionou uma profunda alteração de perfil social da humanidade. Como a racionalidade[3] dos processos tecnológicos chocando-se com a desrazão das ações humanas (Fraga, 1999).

O moderno capitalismo ocidental se fundamentou a partir do desenvolvimento da racionalidade  técnico-científico e de meios legais. Weber  entende, que o progresso do capitalismo encontra-se no direito burocrático e racional, nas regras pensadas racionalmente e  no calculo. O calculo  para existir necessita de acordo e regras sólidas (1993, p. 42-44). A burocratização e a racionalidade da relação capital/trabalho se fundamentam na modernização dos meios de produção e na ética da exploração daqueles povos que possuem poucas tecnologias. A racionalidade técnico-científica é uma das ideologias que o capitalismo tem utilizado para  levar o trabalhador  há uma permanente qualificação. Racionalidade, no sentido weberiano, é a busca pelo aperfeiçoamento das condições e das técnicas de produção, ou seja, é a organização da empresa de forma que o espaço público dos negócios esteja separado da moradia.

O avanço do capitalismo está intimamente ligado ao movimento de expansão do capital e a modernização tecnológica, onde o mercado de trabalho exige cada vez mais que o individuo se especialize naquilo que faz. Que domine as novas tecnologias. A escola neste contexto precisa ser tornado um instrumento de formação de mão-de-obra, voltado para atender as necessidades do mercado de trabalho.

Nesta perspectiva, a Educação Tecnológica tem servido de modelo de racionalização e uniformização das técnicas de produção. A racionalidade tecnológica nada mais é do que a coisificação[4] do trabalhador. O que está acontecendo na escola é uma política neotecnicista, onde a escola, mais uma vez serve a interesses neoliberais, como esse novo paradigma educacional que é a Educação Tecnológica.

Weber conceber a racionalização dos meios e técnicas de produção da seguinte maneira: “O capitalismo atual, que veio para dominar a vida econômica, educa e seleciona os sujeitos de quem precisa, mediante o processo de sobrevivência econômica do mais apto” (2002, p. 48). É bom perceber, que tudo isso ocorre com um único objetivo, que é de possibilitar a maximização da produção e, como conseqüência, o aumento dos lucros daqueles que  são possuidores dos meios de produção. Isso faz com que, o tempo gasto para produz determinado bem material seja reduzido, ou seja, o domínio da técnica possibilita que o trabalhador se torne mais eficiente naquilo que faz. Não havendo a necessidade de o trabalhador pensar sobre a sua ação, pois ele necessita apenas executa determinada ação.

Portanto, para o capitalismo o individuo não deve refletir sobre sua ação, deve apenas executá-las, pois na empresa existe alguém que pensa pelo operário. Esse discurso neopositivista, encontra-se presente na fala e nas ações de gestores das empresas e escolas, em algumas escolas técnicas. Neste contexto, então, a racionalidade é voltada para desenvolver no indivíduo competências e habilidades, não possibilitando a problematizar das dificuldades existentes na escola. A racionalidade não é voltada para a emancipação do indivíduo, mas sim, para possibilitar a exploração do trabalhador pelo sistema de produção vigente.

 

3            As novas tecnologias e a função social da escola

 

O advento das novas tecnologias traz novas formas de pensar, agir, bem como, do indivíduo se relacionar. Com a internet, o tempo e o espaço são modificados, permitindo a utilização de várias linguagens na comunicação. O cidadão atual tem acesso constantemente a vários tipos de informação e o mercado de trabalho exige dele competências e habilidades para selecionar as informações necessárias, e que  tenha a capacidade de resolver problemas e a possibilidade de lidar com diversos pontos de vista de uma mesma situação. O sistema de produção exige ainda do indivíduo que este seja capaz de conviver harmoniosa com qualquer grupo ou minoria  étnica.

Neste contexto, o docente terá cumprido sua função social quando ele for capacidade de gerenciar informações presentes nas mais diversas fontes e transformá-las em saber, a ponto de fazer com que os sujeitos tomem decisões de caráter técnico, político, social e ético, sem que isso comprometa a sociedade. Juntamente com isso, acrescento ainda que, a apropriação das novas tecnologias por todos é que permitirá a atuação profissional na Pós-Moderna, embora as novas tecnologias esteja acessíveis apenas a poucos, visto que, o acesso à sociedade da informação depende da disponibilidade de formas de comunicação, da qualidade rapidez e de baixo custo, o que se encontra ainda longe de nossa realidade.

Assim sendo, na era da informação, a experiência educacional mais diversificada possível, será a base para o alcance do êxito profissional. A ênfase deve ser dada para o domínio do processo de aprendizagem, isto é, os estudantes precisam aprender a aprender e a aprender a fazer, aprender a ser, não apenas dominar determinados conteúdos. Neste contexto, a educação para a sociedade Pós-Moderna pressupõe a necessidades de uma educação permanente, explorando todas as possibilidades disponibilizadas pelas novas tecnologias. Para tanto, se faz necessário que os discentes tenham acesso ao conhecimento presentes nas novas tecnologias educacionais, e que os docentes oriente-nos para uma vida de aprendizagem e descoberta, através do ensino e pesquisa com exercícios constantes de comunicação e colaboração. Isso possibilita ao sujeito ter uma visão holística à cerca do conhecimento que se transforma em saber e, que são construídos a partir da interação como as mais diversas fontes de informações nas redes sociais de relacionamentos presentes na internet e em outras tecnologias..

É bom ressaltar que na Pós Modernidade, ter informações, não é ter conhecimento, mas o conhecimento é a evolução das competências e habilidades adquiridas pelos sujeitos que vão possibilitar a construção de saberes.

Neste sentido, o processo de busca pela informação, questionamento e comparação a outras informações, levam à construção do saber que  são experiências educacionais muito mais ricas, carregadas  de subjetividade propiciada através da capacidade crítica dos sujeitos de perceber a realidade que os cercam. O uso do computador como uma Tecnologia de Aprendizagem é um dos meios que possibilita a transformação do indivíduo num ser ativo e crítico, sendo capaz de repudia todas as formas de discriminação e preconceito que ainda estão presente na educação tradicional.

Aprendemos com a Educação Tecnológica,  quando procedemos de forma interdisciplinar e transdisciplinar, quando ocorre a interação da subjetividade com objetividade, sendo capazes de  integrar o saber-fazer com o questionar  a realidade; quando realizamos uma reflexão  sobre a nossa prática e, ainda, quando equilibramos a racionalidade técnica-científica, como os valores éticos, sociais, culturais, econômicos e políticos. Quando equilibramos as virtudes dos humanistas com as virtudes dos instrucionistas. Daí, então, criamos  um tipo ideal[5] de Educação Tecnológica, onde as virtudes sobressaem em relação aos vícios. Entendemos que, Educação Tecnológica  do tipo ideal  é uma construção intelectual destinada a mediar e a sistematizar as relações durante a construção do saber.

Entretanto, para isso acontecer é necessário que o professor selecione e explore as tecnologias adequadas ao seu contexto específico, para assim, ampliar e facilitar a aprendizagem de seus alunos. Pois, o computador deve ser utilizado de modo que instigue a inteligência na busca da construção de novos conhecimentos e não apenas para fins cujos resultados já estejam preestabelecidos. Neste sentido, o processo de aprendizagem se caracteriza pelo o ato de construção e apropriação do saber e, que isso não dependem apenas do grau de inteligência ou do domínio dos procedimentos metodológicos, mas acima de tudo, de ser um espaço que possa favorecer o crescimento teórico, epistemológico, sociológico, ontológico, axiológico, etc. A Educação Tecnológica é um dos meios que favorece a aprendizagem dos sujeitos.

É bom notar que o conhecimento se dá no filtrar, no selecionar, no  comparar, no avaliar, no sintetizar, no contextualizar o que  é mais relevante e significativo. A Educação Tecnológica é uma ferramenta que possibilita a construção de competências e habilidades em sala de aula, tanto para docentes, como para discentes. Portanto, de potenciar um professor com novos e variados papeis, que funcione como planejador e como orientador da aprendizagem e que assuma conscientemente que necessita se auto-aperfeiçoamento naquilo que faz. Este professor deverá dominar as mais variadas tecnologias e ter uma noção muito clara do seu potencial educativo, para si e para os seus alunos.

Dentro desse contexto, o professor tem o papel de ser um agente de mudança capaz de colocar a tecnologia a serviço da educação e da formação de seus alunos. Para tanto, é preciso que as novas tecnologias de comunicação e informação seja um realidade para um número cada vez maior de alunos e professores, e que a escola precisa fazer uso delas, de modo que venha, efetivamente, contribuir para o processo de ensino e aprendizagem.

Diante desse movimento de transformações sociais e tecnológicas que a sociedade vem passando, cabe à Educação Tecnológica buscar meios para  harmonizar-se como  às novas realidades cumprindo, com isso, seu papel essencial de preparar sujeito apto para promover mudanças, tanto no campo tecnológico, como no campo social. A educação é uma ferramenta que deve possibilitar o equilíbrio  entre  a subjetividade, objetividade e a totalidade. Em educação a construção do saber se dá através do desafio da descoberta. Já para os instrucionistas o aperfeiçoamento das técnicas de ensino é fundamental para solucionar problemas. A conduta dos docentes deve ser de um mediador do saber, procurando adotar  estratégias para resolver problemas ao mesmo tempo em que provoca o pensar-sobre-o-pensar. A Educação Tecnológica possibilita ao professor trabalhar entre dois extremos: a técnica e o pensar a técnica. Como mediador dos extremos, o professor é aquele sujeito que promove o pensar, o ser e o fazer.

Neste sentido, a relação estabelece a partir do sujeito e objeto, e não objeto sujeito, pois  todo conhecimento é uma construção social; e que se modifica em função  do desenvolvimento das sociedades e da evolução de novas tecnologias.

 Para a abordagem construcionistas o conhecimento não pode ser objeto definido. Ele é construído a partir das relações sociais. A conseqüência é que pode existir, em determinado momento certas experiências ou situações do mundo que sejam mais capazes de propiciar a construção de conhecimento e por conseguinte o saber. 

Portanto, numa sociedade sem fronteiras como a nossa, experimentamos conquista e desafios, avanços e dificuldades, inversão de valores, crises nas instituições sociais e crises no próprio desenvolvimento do indivíduo. A Educação Tecnológica surge como um novo paradigma para a educação. É interessante ressaltar que é na crise que o ser humano estabelece um novo paradigma. A crise é uma precondição para o despertar,  isso no sentido de encontramos um novo caminho. Neste contexto, a Educação Tecnológica é apresentada como um novo paradigma na medida em que é um cerne de possibilidade, pois ajudar a transformar o homem em sujeito socialmente correto. Ela é uma ferramenta para transformar o homem em sujeito virtuoso. Para isso, é necessário que este homem seja capaz de integrar saberes de forma interdisciplinar que é a essencial na Educação Tecnológica. Ou seja, a integração da  subjetividade, com a objetividade, para assim termos uma totalidade. 

 

4            A interação coletiva e a construção

 

Na era das mídias eletrônicas, a igualdade pode se concretizar a partir da possibilidade de cada ator social[6] transmitir e receber informações de qualquer lugar do planeta. O ciberespaço fomenta a criação de  comunidades virtuais”. “[...] O virtual não se opõe ao real mas sim ao atual: virtualidade e atualidade são apenas dois modos diferentes da realidade. (...) É virtual toda entidade ‘desterritorializada’, capaz de gerar diversas manifestações concretas em diferentes momentos e locais determinados, sem contudo estar ela mesma presa a um lugar ou tempo em particular” (Levy, 1999, p. 47).

 O ambiente virtual propícia condições para uma comunicação direta, interativa e coletiva, mesmo existindo dificuldades culturais, educacionais ou de distâncias. Nestes espaços, “[...] o sujeito cognoscente constrói os objetos do conhecimento” (Moreto, 2000, p. 60). A inteligência  está distribuída por toda parte e ninguém sabe tudo, todos sabem alguma coisa, todo o saber concentra-se no coletivo que está conectado. Existe uma inteligência coletiva e que é incessantemente relevada, coordenada e estimulada a todo o momento, isso visando sempre o afloramento intelectual, competências e habilidades de cada ser humano que esteja conectado.

Moreto nota que “[...] a cada momento da história humana, os avanços e recuos do homem obrigam-no a reconstruir suas representações. (...) Nesse movimento de constantes transformações sociais e tecnológicas, cabe à escola adaptar-se às novas realidades e, mais do que isso, cumprir seu papel fundamental de preparar indivíduos capazes de promover novas mudanças sociais” (2000, p. 97). 

Neste sentido, a inclusão digital é uma ferramenta que visa melhoria da qualidade do ensino através da cooperação e do diálogo.  Pellanda, observa que “[...] a participação de todos nessas comunidades virtuais permitirá, além do aprender a fazer, o desenvolvimento de habilidades de comunicação relacionadas ao saber ajudar e ao saber ensinar, o que pode contribuir para tornar o processo de formação mais humano” (2005, p. 235).

Paulo Freire entende que “ [...] a educação é comunicação, é diálogo; na medida em que não é transferência do saber, mas um encontro de sujeitos interlocutores que buscam a significação dos significados. Ser dialógico é não invadir, não manipular, não sloganizar. Ser dialógico é empenhar-se na transformação constante da realidade” (1971, p. 49).

O ciberespaço é o local por onde se processa as trocas de saberes. Nestes ambientes, existe a possibilidade  da valorização das competências e habilidades individuais. Para isso, é preciso que docentes e discentes sejam capazes “[...] de  aprender a gerir e a relacionar informações para as transformar no seu conhecimento e no seu saber” (Alarcão, 20003, p. 15).

O ciberespaço apresenta-se como o espaço desterritorializado, sem fronteiras e aberto, é um espaço para que as pessoas se conectem, encontrem-se, troquem informações e adquiram e construam saberes globais. Moran, (2000, p. 23) afirma que “[...] aprendemos mais quando estabelecemos pontes entre a reflexão e a ação, entre a experiência e a conceituação, entre a teoria e a prática; quando ambas se alimentam mutuamente; quando equilibramos e integramos o sensorial, o racional, o emocional, o ético, o pessoal e o social”. A compreensão do que seja esse ciberespaço encontra-se intrinsecamente ligada às redes que promovem a inteligência coletiva[7] e a imaginação criativa daqueles que por ela navegam.

 

O intelectual coletivo é uma espécie de sociedade anônima para a qual cada acionista traz como capital conhecimentos, suas navegações, sua capacidade de aprender e de ensinar. (...) Esse sujeito transpessoal não se contenta em somar as inteligências individuais. Ele faz florescer uma forma de inteligência qualitativamente diferente, que vem se acrescentar às inteligências pessoais, uma espécie de cérebro coletivo (Lévy, 1998, p. 94).

 

O capital conhecimento, é portanto, todas as experiências sócio-culturais aprendidas pelo ator social no decorrer de suas vidas. O capital conhecimento representa poder, quando o individuo sabe utilizá-lo nas relações sociais. O capital cultural[8] se constitui em prestígio e fama quando percebido, reconhecido e legitimado nos espaços sociais.

 

 

5            Avanço tecnológico,  globalização  e  as desigualdades sociais

 

Os avanços do capitalismo estão intimamente ligado ao movimento de expansão do capital e a modernização tecnológica, onde o mercado de trabalho exige cada vez mais que o individuo se especialize naquilo que faz. Que domine as novas tecnologias. A escola neste contexto, tem se tornado um instrumento de formação de mão-de-obra, voltado para atender as necessidades do mercado de trabalho. As transformações de modelos e paradigmas produzem crises sem precedentes. As mudanças  aceleradas nos modelos de produção e o aumento da riqueza e do consumo, possibilitaram o  desenvolvimento do capitalismo e proporcionou uma profunda alteração de perfil social da humanidade. Como a racionalidade dos processos tecnológicos chocando-se com a desumanização das ações humanas. Dessa maneira Grinspun define a Educação Tecnológica:

 

A tecnologia deve ser tratada no contexto das relações sociais e dentro de seu desenvolvimento histórico. Ela é o conhecimento científico transformado em técnica que, por sua vez, irá ampliar a possibilidade de produção de novos conhecimentos científicos (Grinspun, 1999,  p. 49).

 

Entendo que a educação neste contexto, tem servido de modelo de racionalização e uniformização das técnicas de produção. A racionalidade tecnológica nada mais é do que a coisificação do trabalhador. O que está acontecendo na escola através da Educação Tecnológica é uma nova política neotecnicista, onde a escola, mais uma vez serve a interesses neoliberais através da formação de mão-de-obra para o sistema produção.

Para a sociologia compreensiva de Weber[9] a racionalização dos meios e técnicas de produção se processa da seguinte maneira: O capitalismo domina a vida econômica e seleciona os sujeitos de quem precisa, mediante o processo de sobrevivência do mais apto. Percebe-se aqui que isso é feito com o objetivo de aumentar da produção e os lucros dos indivíduos responsáveis e possuidores dos meios de produção. Desenvolver no trabalhador competências e habilidades é  a tarefa fundamental da escola no sistema capitalista. Tendo em vista, que isso faz com  haja a maximização e a eficiência  do trabalhador e o aumento da produtividade. O tempo gasto para produz determinado bens de consumo é  reduzido. O domínio de método e procedimento de produção possibilita ao trabalhador o desenvolvimento daquilo que faz, tornando-se mais eficiente naquilo que faz.

Uma questão que merece destaque aqui é a desumanização do homem, não havendo a necessidade do proletário pensar sobre a sua ação. Na empresa, existem os administradores que pensam e desenvolvem projetos que são na grande maioria entrave para o desenvolvimento social do operário. “[...] A exclusão do trabalhador, produzir-se-ia uma exclusão social” (Tedesco, 2002, p.03). Assim sendo, para o capitalismo o proletário não deve refletir sobre sua ação, deve apenas executá-las, pois na empresa existe alguém que pensa por ele.

A racionalidade não é voltada para a emancipação do indivíduo, mas sim, para possibilitar a exploração do trabalhador pelo sistema de produção vigente.  A racionalidade é voltada para a desenvolver no indivíduo competências e habilidades, não possibilitando a problematizar das dificuldades existentes na sociedade.

 

A tomada de consciência da exclusão não gera uma reação organizada de mobilização. Na exclusão não há grupo contestador, nem objeto preciso de reivindicação, nem instrumentos concretos para impô-la. (...) A exploração é um conflito, a exclusão é uma ruptura (Castel, 1995, p. 147).

 

Entretanto, cabe a escola, numa sociedade desumanizada como a nossa, discutir a problemática da racionalização das atividades na empresa não com o objetivo de aumentar a produção e a melhoria da qualidade de vida do trabalhador. Nem tão pouco o enriquecimento dos donos dos meios de produção. Mais discutir a realidade de seus alunos para assim buscar solucionar os fenômenos sociais ali encontrados. Assim a escola, terá cumprido sua função social quando transformar seus estudantes em sujeitos críticos que repudie toda forma de preconceito e discriminação e tenham a habilidade de  tomar decisões de caráter técnico, político, social e ético, sem que isso comprometa a sociedade.

O debate da inclusão, gravita em torno da perspectiva de que é no pensar e fazer que os processos capitalistas se materializam. A história social é feita e materializa por cada sujeito. Cada indivíduo é que faz através de sua pratica o capitalismo existir. O domínio capitalista é exercido por nós e para nós. “Exploradores e explorados pertencem à mesma esfera econômica e social, já que os explorados são necessários para manter o sistema. A tomada de consciência da exploração pode provocar uma reação de mobilização coletiva” (Tedesco, 2002, p.04).

Neste sentido, se todos os que se encontram em situação de exclusão se rebelassem o sistema capitalista seria desfeito e surgia um novo modelo. Os explorados de hoje que se submetem à jornada de trabalho e a disciplina de uma empresa por um salário que não dá para o indivíduo subsistir até o final do mês, e aqueles indivíduos que gostariam muito de estar no lugar do explorado. De certa maneira, a inclusão é uma tentativa de promover determinados indivíduos para serem explorados pelo sistema. Os explorados são os sujeitos privilegiados pelo sistema de exploração. O excluído é fruto da nossa maneira de pensar. 

O discurso oficial de que a escola é para todos, no meu entender não passa de um discurso merocrático. Todos sabemos que a educação está a serviço do capitalismo e que a melhor escola define-se em competências e habilidades requeridas pelo mercado. Ou seja, é o mercado que regulariza as relações sociais, inclusive dentro da escola.

Portanto, a educação é pensada pelo capitalismo, busca universalizar e elevar o padrão do ensino, não porque o sistema capitalista está preocupado em promover o desenvolvimento socioeconômico ou em promover a mobilidade social. Mas, pelo fato de necessitar de mão-de-obra barata e disciplinada e, neste caso, até aqueles indivíduos que têm algumas necessidades são alistados, tanto como possível explorável, bem como um exército de reserva. “A exclusão parece haver perdido poder para espanto e indignação em um grande parte da sociedade. (...) Os excluídos devem acostumar-se à exclusão. Os não excluídos, também” (Gentili, 2001, p. 51).  É bom notar que para entender a inclusão e preciso entender a exclusão em todos os sentidos.

 

 

6               Considerações finais:

 

O moderno capitalismo ocidental se fundamentou a partir do desenvolvimento da racionalidade  técnico-científico e de meios legais. Weber[10]  entende, que o progresso do capitalismo encontra-se no direito burocrático e racional, nas regras pensadas racionalmente e  no calculo. O calculo  para existir necessita de acordo e regras sólidas A burocratização e a racionalidade da relação capital/trabalho  se fundamentam na modernização dos meios de produção e na ética da exploração do homem pelo próprio homem.

A racionalidade técnico-científica é uma das ideologias que o capitalismo tem utilizado para levar o trabalhador há uma permanente qualificação. Racionalidade, no sentido weberiano, é a busca pelo aperfeiçoamento das condições das técnicas de produção.

As mudanças de paradigma e rapidez como que as informações circulam em nossa sociedade não veio acompanhado de desenvolvimento dos valores morais, mas da degradação da humanidade, através do crescente aumento dos excluídos, da discriminação racismo,  terrorismo,  xenofobia, etc.

As transformações pelas quais a sociedade Pós-Moderna vem passando, tanto em relação à cultura, com em relação à teoria do conhecimento, isso devido os avanços técnico-científicos como a clonagem, a biotecnologia,  a informática, etc. não possibilitaram melhoria na qualidade de vida das pessoas nem nos países centrais, nem tão pouco nos paises periféricos.

As inovações tecnológicas trazem novas formas de pensar, agir, de se relacionar. Tecnologias com a internet, possibilitam a humanidade rever seus conceitos de tempo e espaço. As pessoas são incluídas e excluídas das discussões, tanto por políticas públicas como por iniciativas privadas.

A sociedade  Pós-Moderna mergulhou  em fenômenos como a: internet, a globalização, clonagem, biotecnologia, etc, do outro lado, a degradação do homem e meio ambiente, a miséria, o consumismo, etc.  O uso computador na educação é uma nova fronteira  para a transformação da informação em saber.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

7     REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

 

ALMEIDA, Elizabeth. PROINFO: Informática e Formação de Professores/Secretária de Educação à Distância. Brasília: Ministério da Educação, Seed, 2000.

ALARCÃO, Isabel. Professores Reflexivos em uma Escola Reflexiva. São Paulo, Cortez, 2003.

CONDURÚ, Marise Teles & PEREIRA, José Almir Rodrigues. Elaboração de Trabalhos Acadêmicos: Normas, Critérios e Procedimentos. Belém, NUMA/UFPA, 2006.

GENTILI, Pablo. Escola e cidadania em uma era de desencanto. In: SILVA, Shirley e VIZIM, Marli. Educação Especial: múltiplas leituras e diferentes significados. Campinas: Mercado das Letras, ALB, 2001. (p.41-56).

GRINSPUN, Mirian P. S. Zippin.(org.). Educação Tecnológica: desafios e perspectivas. São Paulo, Cortez, 1999.

LEVY, Pierre. Inteligência Coletiva: Por uma Antropologia do Ciberespaço. São Paulo: Loyola, 1999.

MORAN, Manuel. Novas tecnologias e mediação pedagógica. Campinas. Papirus, 2000.

MORETO, Vasco Pedro. Construtivismo: a produção do conhecimento em aula.  Rio de Janeiro, DP&A, 2000.

PAPER, Seymour. A Máquina das Crianças: repensando a escola na era da informática. Trad. Sandra Costa. 3ª edição. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.

SKINNER, Burrhus Frederic. Tecnologia do Ensino. São Paulo, Editora da Universidade de São Paulo, 1972.

STAHL, Marimar M. Formação de professores para o uso das novas tecnologias de comunicação e informação. In: CANDAU, Vera Maria (Org). Magistério: construção cotidiana. 2ª edição. Petrópolis: Vozes, 1998.

TEDESCO, Juan Carlos. Os fenômenos de segregação e exclusão social na sociedade do  conhecimento. Cadernos de Pesquisa. São Paulo, n. 117, p. 13-28, nov. 2002.

WEBER, Max. Sobre a Teoria das Ciências Sociais. São Paulo, Editora Moraes Ltda. 1991.

_______________. A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo. São Paulo, Editora Martins Fontes, 2002.

_______________. Parlamento e governo na Alemanha reordenada: crítica política do funcionalismo e da natureza dos partido. Petrópolis, Rio de Janeiro, Vozes, 1993.

FRAGA, Rogério. Dominação e ética em Max Weber. In: Sociologia: textos e contextos. Canoas, Rio Grande do Sul, Editora ULBRA, 1999.

 



[1] Teoria  criada por Henry Ford no início do século XX nos EUA em uma linha de montagem na indústria automobilística.
[2] Expressão teórica do processo de trabalho parcelado e que foi levado a efeito pelo engenheiro  norte americano Frederick Taylor (1856-1915). O tayolorismo estabeleceu os parâmetros e métodos de racionalização da produção e  que visa aumento de produtividade com a economia de tempo, a suspensão de gastos desnecessários e comportamentos supérfluos no interior do processo produtivo. Atualmente o tayolorismo está presente na escola através do parcelamento das atividades docente e da hierarquização.
[3] Em relação à racionalidade; Max Weber compreende  que  a racionalidade é classificada em quatro tipos que são: racionalidade conforme fins  determinados, que está ligada à intencionalidade da ação do agente social, onde há previsão, calculo, planejamento com os fins da ação; racionalidade conforme valores,  tem haver com valores, crenças, o agente agem conforme suas convicções; afetiva especialmente emotiva que  é determinada pelas emoções do agente social; tradicional que é determinada conforme os costumes e tradições (Fraga, 1999, p. 82-83).
[4] É a transformação do trabalhador em objeto, ou seja, em coisa que poderá ser substituído a qualquer momento por alguém ou alguma tecnologia que tenha mais habilidades e que se dedica a executa as mesmas tarefas em menor tempo e com maior eficiência.
[5] São parâmetros  de investigação cientifica, a partir do qual o pesquisador se aproxima do objeto investigado. O tipo ideal é uma construção racional que cumprido com algumas exigências formais, deve apresentar em seu  conteúdo as características de uma  utopia.  De fato o tipo ideal nunca ou dificilmente pode ser achado na realidade.
[6]  Ator social é entendido aqui como aquele que é capaz de modificar as relações sociais.
[7] Ver, Levy, Pierre. Inteligência Coletiva. Por uma Antropologia do Ciberespaço. São Paulo: Loyola, 1999.
[8] Ver, Bourdieu, 1989,  p. 134-135.
[9] Ver WEBER, Max. A ética protestante e o espírito do capitalismo. São Paulo: Fontes, 2002.
[10] Ver WEBER, Max. Sobre a Teoria das Ciências Sociais. São Paulo, Editora Moraes Ltda. 1991.

Nenhum comentário:

Postar um comentário