A EDUCAÇÃO
TECNOLÓGICA E A GLOBALIZAÇÃO INCLUSÃO E EXCLUSÃO SOCIAL
Arão
Marques da SILVA, sociólogo e professor da disciplina sociologia geral no
ensino médio na E.E.E.M. general Euclydes Figueiredo.
Resumo:
A
cada período da história da humanidade, os avanços e recuos do homem obrigam-no
a ressignificar suas representações de tempo e espaço; no processo de
apropriação e construção do conhecimento; e na cristalização do saber e na
formação do cidadão. No presente artigo,
analiso de forma breve alguns fatores que contribuem para a exclusão e inclusão do trabalhador na sociedade capitalista ao mesmo tempo, em questiono o
papel da educação diante das
transformações tecnológicas, culturais, políticas, sociais, e econômicas da
contemporaneidade. Nesta perspectiva, discuto ainda, a globalização os ideais capitalistas das grandes potências mundiais que
se propagaram pelos países menos desenvolvidos. Mesmo com suas estruturas socioeconômica e política
ainda em desenvolvimento, essas nações possibilitaram a instalação das
multinacionais, e isso vem desencadeou o avanço tecnológico a inclusão e a exclusão social de parte da sua
mão-de-obra.
Palavras-chaves:
Educação, avanço tecnológico, globalização, inclusão e exclusão
do trabalhador.
1
Introdução
O trabalho científico é
desafiante, mas a tarefa de refletir e analisar um fenômeno social, e neste caso, entender as novas tecnologias e
o seu uso na escola como uma ferramenta de inclusão foi uma provocação e,
exigem do pesquisador uma intensa dedicação e reflexão, tendo de selecionar os instrumentos metodológicos mais adequados capazes de
fazê-lo atingir os objetivos desejados.
O Percurso
Metodológico – Fiz a opção de
trabalhar com a análise bibliográfica de alguns textos. Considero, relevante
compreender a função social e uso das novas tecnologias na educação com
ferramentas de aprendizagem e de apropriação de saberes por alunos e
professores. Este artigo foi construído a partir de um apanhado de discussões
que tivemos em classe, enquanto as disciplinas obrigatórias do curso foram
ministradas. Olhar do pesquisador, neste sentido é que informa as mudanças das
coisas, isso pelo fato do olhar ser
socialmente desenvolvido. Aqui, faço algumas considerações sobre o
desenvolvimento técnico-científico e o uso das novas tecnologias na escola.
Nesta
perspectiva, o desenvolvimento técnico-científico tem assumido um ritmo
crescente nas últimas décadas. Isto possibilita o rompimento da barreira do
espaço e do tempo, intensificando dessa forma a globalização, a inclusão e a
exclusão social. Mesmas as novas tecnologias da comunicação e da informação
estando presentes em algumas escolas; muitas não as utilizam como ferramenta de
aprendizagem; não tem um docente com habilidades para trabalhar com o
computador na Escola, por exemplo.
Poucas são as escolas que possibilitar o pensar e o fazer sobre as novas
tecnologias. Isto porque a escola ainda não rompeu com o pensamento positivista
de ensino, em que o aluno é um mero reprodutor do conhecimento e que precisa de
alguém ou de algo que lhe diga o que fazer e como fazer, não permitindo ao
mesmo investigar, comparar, generalizar e transformar informações em saberes.
2 Educação Tecnológica: um instrumento a
serviço do sistema capitalista
Estamos vivendo numa sociedade em constantes mudanças que
se organizam e reorganizam de acordo com as características da sociedade, da
globalização da economia e da virtualidade, as quais produzem novas e mais
sofisticadas formas de inclusão e exclusão. Apenas adentrando criticamente
nessa sociedade e buscando compreender seus instrumentos e dinâmicas de
mobilização e expansão é que podemos nos apropriar e utilizar seus recursos e
meios de interação para a emancipação humana.
A Pós-Modernidade é caracterizada por profundas mudanças
de paradigma, e pela rapidez como as informações circulam no planeta. Além
disso, pela degradação da humanidade, através do crescente aumento dos
excluídos, pela xenofobia, discriminação racismo, terrorismo, etc. Ao mesmo tempo em que a
humanidade vem passando por profundas transformações, principalmente, como o
avanço das novas tecnológicas. A sociedade
Pós-Moderna mergulhou em
fenômenos como a: internet, a globalização, clonagem, biotecnologia, etc, do
outro lado, ocorre à degradação do homem e do meio ambiente, a miséria, o
consumismo, etc. As transformações pelas
quais a sociedade Pós-Moderna vem passando, tanto em relação à cultura, com em
relação à teoria do conhecimento, isso devido os avanços técnico-científicos
como a clonagem, a biotecnologia, a
informática, etc, não possibilitou o desenvolvimento social humanidade. Apenas
em alguns lugares do planeta as pessoas têm qualidade de vida compatível com os
avanços técnico-científicos, mais da metade da população do planeta continua a viver com salários de subsistência.
Essas transformações de modelos e paradigmas produzem
crises sem precedentes. As mudanças aceleradas nos modelos de produção
(fordismo[1],
toyotismo[2],
etc,) e o aumento da riqueza e do consumo, possibilitaram o desenvolvimento do capitalismo e proporcionou
uma profunda alteração de perfil social da humanidade. Como a racionalidade[3]
dos processos tecnológicos chocando-se com a desrazão das ações humanas (Fraga,
1999).
O moderno capitalismo ocidental se fundamentou a partir
do desenvolvimento da racionalidade
técnico-científico e de meios legais. Weber entende, que o progresso do capitalismo encontra-se
no direito burocrático e racional, nas regras pensadas racionalmente e no calculo. O calculo para existir necessita de acordo e regras
sólidas (1993, p. 42-44). A burocratização e a racionalidade da relação
capital/trabalho se fundamentam na modernização dos meios de produção e na
ética da exploração daqueles povos que possuem poucas tecnologias. A
racionalidade técnico-científica é uma das ideologias que o capitalismo tem
utilizado para levar o trabalhador há uma permanente qualificação.
Racionalidade, no sentido weberiano, é a busca pelo aperfeiçoamento das
condições e das técnicas de produção, ou seja, é a organização da empresa de
forma que o espaço público dos negócios esteja separado da moradia.
O avanço do capitalismo está intimamente ligado ao
movimento de expansão do capital e a modernização tecnológica, onde o mercado
de trabalho exige cada vez mais que o individuo se especialize naquilo que faz.
Que domine as novas tecnologias. A escola neste contexto precisa ser tornado um
instrumento de formação de mão-de-obra, voltado para atender as necessidades do
mercado de trabalho.
Nesta perspectiva, a Educação Tecnológica tem servido de
modelo de racionalização e uniformização das técnicas de produção. A
racionalidade tecnológica nada mais é do que a coisificação[4] do
trabalhador. O que está acontecendo na escola é uma política neotecnicista,
onde a escola, mais uma vez serve a interesses neoliberais, como esse novo
paradigma educacional que é a Educação Tecnológica.
Weber conceber a racionalização dos meios e técnicas de
produção da seguinte maneira: “O capitalismo atual, que veio para dominar a
vida econômica, educa e seleciona os sujeitos de quem precisa, mediante o
processo de sobrevivência econômica do mais apto” (2002, p. 48). É bom
perceber, que tudo isso ocorre com um único objetivo, que é de possibilitar a
maximização da produção e, como conseqüência, o aumento dos lucros daqueles
que são possuidores dos meios de
produção. Isso faz com que, o tempo gasto para produz determinado bem material
seja reduzido, ou seja, o domínio da técnica possibilita que o trabalhador se
torne mais eficiente naquilo que faz. Não havendo a necessidade de o
trabalhador pensar sobre a sua ação, pois ele necessita apenas executa
determinada ação.
Portanto, para o capitalismo o individuo não deve
refletir sobre sua ação, deve apenas executá-las, pois na empresa existe alguém
que pensa pelo operário. Esse discurso neopositivista, encontra-se presente na
fala e nas ações de gestores das empresas e escolas, em algumas escolas técnicas.
Neste contexto, então, a racionalidade é voltada para desenvolver no indivíduo
competências e habilidades, não possibilitando a problematizar das dificuldades
existentes na escola. A racionalidade não é voltada para a emancipação do
indivíduo, mas sim, para possibilitar a exploração do trabalhador pelo sistema
de produção vigente.
3 As novas tecnologias e a função social
da escola
O advento das novas tecnologias traz novas formas de
pensar, agir, bem como, do indivíduo se relacionar. Com a internet, o tempo e o
espaço são modificados, permitindo a utilização de várias linguagens na
comunicação. O cidadão atual tem acesso constantemente a vários tipos de
informação e o mercado de trabalho exige dele competências e habilidades para
selecionar as informações necessárias, e que
tenha a capacidade de resolver problemas e a possibilidade de lidar com
diversos pontos de vista de uma mesma situação. O sistema de produção exige
ainda do indivíduo que este seja capaz de conviver harmoniosa com qualquer
grupo ou minoria étnica.
Neste
contexto, o docente terá cumprido sua função social quando ele for capacidade de gerenciar informações
presentes nas mais diversas fontes e transformá-las em saber, a ponto de fazer
com que os sujeitos tomem decisões de caráter técnico, político, social e
ético, sem que isso comprometa a sociedade. Juntamente com isso, acrescento
ainda que, a apropriação das novas tecnologias por todos é que permitirá a
atuação profissional na Pós-Moderna, embora as novas tecnologias esteja
acessíveis apenas a poucos, visto que, o acesso à sociedade da informação
depende da disponibilidade de formas de comunicação, da qualidade rapidez e de
baixo custo, o que se encontra ainda longe de nossa realidade.
Assim sendo, na era da
informação, a experiência educacional mais diversificada possível, será a base
para o alcance do êxito profissional. A ênfase deve ser dada para o domínio do
processo de aprendizagem, isto é, os estudantes precisam aprender a aprender
e a aprender a fazer, aprender
a ser, não apenas dominar determinados conteúdos. Neste contexto, a
educação para a sociedade Pós-Moderna pressupõe a necessidades de uma educação
permanente, explorando todas as possibilidades disponibilizadas pelas novas
tecnologias. Para tanto, se faz necessário que os discentes tenham acesso ao
conhecimento presentes nas novas tecnologias educacionais, e que os docentes
oriente-nos para uma vida de aprendizagem e descoberta, através do ensino e
pesquisa com exercícios constantes de comunicação e colaboração. Isso
possibilita ao sujeito ter uma visão holística à cerca do conhecimento que se
transforma em saber e, que são construídos a partir da interação como as mais
diversas fontes de informações nas redes sociais de relacionamentos presentes
na internet e em outras tecnologias..
É bom ressaltar que na Pós
Modernidade, ter informações, não é ter conhecimento, mas o conhecimento é a
evolução das competências e habilidades adquiridas pelos sujeitos que vão
possibilitar a construção de saberes.
Neste
sentido, o processo de busca pela informação, questionamento e comparação a
outras informações, levam à construção do saber que são experiências educacionais muito mais
ricas, carregadas de subjetividade
propiciada através da capacidade crítica dos sujeitos de perceber a realidade
que os cercam. O uso do computador como uma Tecnologia de Aprendizagem é um dos
meios que possibilita a transformação do indivíduo num ser ativo e crítico,
sendo capaz de repudia todas as formas de discriminação e preconceito que ainda
estão presente na educação tradicional.
Aprendemos
com a Educação Tecnológica, quando
procedemos de forma interdisciplinar e transdisciplinar, quando ocorre a
interação da subjetividade com objetividade, sendo capazes de integrar o saber-fazer com o questionar a realidade; quando realizamos uma
reflexão sobre a nossa prática e, ainda,
quando equilibramos a racionalidade técnica-científica, como os valores éticos,
sociais, culturais, econômicos e políticos. Quando equilibramos as virtudes dos
humanistas com as virtudes dos instrucionistas. Daí, então, criamos um tipo ideal[5]
de Educação Tecnológica, onde as virtudes sobressaem em relação aos vícios.
Entendemos que, Educação Tecnológica do tipo
ideal é uma construção intelectual
destinada a mediar e a sistematizar as relações durante a construção do saber.
Entretanto, para isso acontecer é necessário que o
professor selecione e explore as tecnologias adequadas ao seu contexto
específico, para assim, ampliar e facilitar a aprendizagem de seus alunos. Pois,
o computador deve ser utilizado de modo que instigue a inteligência na busca da
construção de novos conhecimentos e não apenas para fins cujos resultados já
estejam preestabelecidos. Neste sentido, o processo de aprendizagem se
caracteriza pelo o ato de construção e apropriação do saber e, que isso não
dependem apenas do grau de inteligência ou do domínio dos procedimentos
metodológicos, mas acima de tudo, de ser um espaço que possa favorecer o
crescimento teórico, epistemológico, sociológico, ontológico, axiológico, etc.
A Educação Tecnológica é um dos meios que favorece a aprendizagem dos sujeitos.
É bom notar que o conhecimento se dá no filtrar, no
selecionar, no comparar, no avaliar, no
sintetizar, no contextualizar o que é
mais relevante e significativo. A Educação Tecnológica é uma ferramenta que
possibilita a construção de competências e habilidades em sala de aula, tanto
para docentes, como para discentes. Portanto, de potenciar um professor com
novos e variados papeis, que funcione como planejador e como orientador da
aprendizagem e que assuma conscientemente que necessita se auto-aperfeiçoamento
naquilo que faz. Este professor deverá dominar as mais variadas tecnologias e
ter uma noção muito clara do seu potencial educativo, para si e para os seus
alunos.
Dentro desse contexto, o professor tem
o papel de ser um agente de mudança capaz de colocar a tecnologia a serviço da
educação e da formação de seus alunos. Para tanto, é preciso que as novas
tecnologias de comunicação e informação seja um realidade para um número cada
vez maior de alunos e professores, e que a escola precisa fazer uso delas, de
modo que venha, efetivamente, contribuir para o processo de ensino e
aprendizagem.
Diante desse movimento de transformações
sociais e tecnológicas que a sociedade vem passando, cabe à Educação
Tecnológica buscar meios para
harmonizar-se como às novas
realidades cumprindo, com isso, seu papel essencial de preparar sujeito apto
para promover mudanças, tanto no campo tecnológico, como no campo social. A educação
é uma ferramenta que deve possibilitar o equilíbrio entre
a subjetividade, objetividade e a totalidade. Em educação a construção
do saber se dá através do desafio da descoberta. Já para os instrucionistas
o aperfeiçoamento das técnicas de ensino é fundamental para solucionar
problemas. A conduta dos docentes deve ser de um mediador do saber, procurando
adotar estratégias para resolver
problemas ao mesmo tempo em que provoca o pensar-sobre-o-pensar. A
Educação Tecnológica possibilita ao professor trabalhar entre dois extremos: a
técnica e o pensar a técnica. Como mediador dos extremos, o professor é aquele
sujeito que promove o pensar, o ser e o fazer.
Neste sentido, a relação estabelece a partir
do sujeito e objeto, e não objeto sujeito, pois
todo conhecimento é uma construção social; e que se modifica em
função do desenvolvimento das sociedades
e da evolução de novas tecnologias.
Para a abordagem construcionistas o
conhecimento não pode ser objeto definido. Ele é construído a partir das relações
sociais. A conseqüência é que pode existir, em determinado momento
certas experiências ou situações do mundo que sejam mais capazes de propiciar a
construção de conhecimento e por conseguinte o saber.
Portanto, numa sociedade sem
fronteiras como a nossa, experimentamos conquista e desafios, avanços e
dificuldades, inversão de valores, crises nas instituições sociais e crises no
próprio desenvolvimento do indivíduo. A Educação Tecnológica surge como um novo
paradigma para a educação. É interessante ressaltar que é na crise que o ser
humano estabelece um novo paradigma. A crise é uma precondição para o
despertar, isso no sentido de
encontramos um novo caminho. Neste contexto, a Educação Tecnológica é
apresentada como um novo paradigma na medida em que é um cerne de possibilidade,
pois ajudar a transformar o homem em sujeito socialmente correto. Ela é uma
ferramenta para transformar o homem em sujeito virtuoso. Para isso, é
necessário que este homem seja capaz de integrar saberes de forma interdisciplinar
que é a essencial na Educação Tecnológica. Ou seja, a integração da subjetividade, com a objetividade, para
assim termos uma totalidade.
4 A interação coletiva e a construção
Na era das mídias eletrônicas, a igualdade pode
se concretizar a partir da possibilidade de cada ator social[6] transmitir e receber
informações de qualquer lugar do planeta. O ciberespaço fomenta a criação de “comunidades virtuais”. “[...] O virtual não se opõe ao
real mas sim ao atual: virtualidade e atualidade são apenas dois modos
diferentes da realidade. (...) É virtual toda entidade ‘desterritorializada’,
capaz de gerar diversas manifestações concretas em diferentes momentos e locais
determinados, sem contudo estar ela mesma presa a um lugar ou tempo em
particular” (Levy, 1999, p. 47).
O
ambiente virtual propícia condições para uma comunicação direta, interativa e
coletiva, mesmo existindo dificuldades culturais, educacionais ou de
distâncias. Nestes espaços, “[...] o sujeito cognoscente constrói os objetos do
conhecimento” (Moreto, 2000, p. 60). A inteligência está distribuída por toda parte e ninguém
sabe tudo, todos sabem alguma coisa, todo o saber concentra-se no coletivo que
está conectado. Existe uma inteligência coletiva e que é incessantemente
relevada, coordenada e estimulada a todo o momento, isso visando sempre o
afloramento intelectual, competências e habilidades de cada ser humano que
esteja conectado.
Moreto nota que “[...]
a cada momento da história humana, os avanços e recuos do homem obrigam-no a reconstruir
suas representações. (...) Nesse movimento de constantes transformações sociais
e tecnológicas, cabe à escola adaptar-se às novas realidades e, mais do que
isso, cumprir seu papel fundamental de preparar indivíduos capazes de promover
novas mudanças sociais” (2000, p. 97).
Neste sentido, a
inclusão digital é uma ferramenta que visa melhoria da qualidade do ensino
através da cooperação e do diálogo.
Pellanda, observa que “[...] a participação de todos nessas comunidades
virtuais permitirá, além do aprender a fazer, o desenvolvimento de habilidades
de comunicação relacionadas ao saber ajudar e ao saber ensinar, o que pode
contribuir para tornar o processo de formação mais humano” (2005, p. 235).
Paulo Freire entende que “ [...] a educação é
comunicação, é diálogo; na medida em que não é transferência do saber, mas um
encontro de sujeitos interlocutores que buscam a significação dos significados.
Ser dialógico é não invadir, não manipular, não sloganizar. Ser
dialógico é empenhar-se na transformação constante da realidade” (1971, p. 49).
O ciberespaço é o local por onde se processa as
trocas de saberes. Nestes ambientes, existe a possibilidade da valorização das competências e habilidades
individuais. Para isso, é preciso que docentes e discentes sejam capazes “[...]
de aprender a gerir e a relacionar
informações para as transformar no seu conhecimento e no seu saber” (Alarcão,
20003, p. 15).
O ciberespaço apresenta-se como o espaço
desterritorializado, sem fronteiras e aberto, é um espaço para que as pessoas
se conectem, encontrem-se, troquem informações e adquiram e construam saberes
globais. Moran, (2000, p. 23) afirma que “[...] aprendemos mais quando
estabelecemos pontes entre a reflexão e a ação, entre a experiência e a
conceituação, entre a teoria e a prática; quando ambas se alimentam mutuamente;
quando equilibramos e integramos o sensorial, o racional, o emocional, o ético,
o pessoal e o social”. A compreensão do que seja esse ciberespaço encontra-se
intrinsecamente ligada às redes que promovem a inteligência coletiva[7]
e a imaginação criativa daqueles que por ela navegam.
O intelectual coletivo é
uma espécie de sociedade anônima para a qual cada acionista traz como capital
conhecimentos, suas navegações, sua capacidade de aprender e de ensinar. (...)
Esse sujeito transpessoal não se contenta em somar as inteligências
individuais. Ele faz florescer uma forma de inteligência qualitativamente
diferente, que vem se acrescentar às inteligências pessoais, uma espécie de
cérebro coletivo (Lévy, 1998, p. 94).
O capital conhecimento, é portanto, todas as
experiências sócio-culturais aprendidas pelo ator social no decorrer de
suas vidas. O capital conhecimento representa poder, quando o individuo sabe
utilizá-lo nas relações sociais. O capital cultural[8] se constitui em
prestígio e fama quando percebido, reconhecido e legitimado nos espaços
sociais.
5 Avanço tecnológico, globalização
e as desigualdades sociais
Os avanços do capitalismo estão intimamente ligado ao
movimento de expansão do capital e a modernização tecnológica, onde o mercado
de trabalho exige cada vez mais que o individuo se especialize naquilo que faz.
Que domine as novas tecnologias. A escola neste contexto, tem se tornado um
instrumento de formação de mão-de-obra, voltado para atender as necessidades do
mercado de trabalho. As transformações de modelos e paradigmas produzem crises
sem precedentes. As mudanças aceleradas
nos modelos de produção e o aumento da riqueza e do consumo, possibilitaram
o desenvolvimento do capitalismo e
proporcionou uma profunda alteração de perfil social da humanidade. Como a
racionalidade dos processos tecnológicos chocando-se com a desumanização das
ações humanas. Dessa maneira Grinspun define a Educação Tecnológica:
A tecnologia deve ser
tratada no contexto das relações sociais e dentro de seu desenvolvimento
histórico. Ela é o conhecimento científico transformado em técnica que, por sua
vez, irá ampliar a possibilidade de produção de novos conhecimentos científicos
(Grinspun, 1999, p. 49).
Entendo que a educação neste contexto, tem servido de
modelo de racionalização e uniformização das técnicas de produção. A
racionalidade tecnológica nada mais é do que a coisificação do trabalhador. O que está acontecendo na escola
através da Educação Tecnológica é uma nova política neotecnicista, onde a escola, mais uma vez serve a interesses
neoliberais através da formação de mão-de-obra para o sistema produção.
Para a sociologia compreensiva de Weber[9] a
racionalização dos meios e técnicas de produção se processa da seguinte
maneira: O capitalismo domina a vida econômica e seleciona os sujeitos de quem
precisa, mediante o processo de sobrevivência do mais apto. Percebe-se aqui que
isso é feito com o objetivo de aumentar da produção e os lucros dos indivíduos
responsáveis e possuidores dos meios de produção. Desenvolver no trabalhador
competências e habilidades é a tarefa
fundamental da escola no sistema capitalista. Tendo em vista, que isso faz com haja a maximização e a eficiência do trabalhador e o aumento da produtividade.
O tempo gasto para produz determinado bens de consumo é reduzido. O domínio de método e procedimento
de produção possibilita ao trabalhador o desenvolvimento daquilo que faz,
tornando-se mais eficiente naquilo que faz.
Uma questão que merece destaque aqui é a desumanização do
homem, não havendo a necessidade do proletário pensar sobre a sua ação. Na
empresa, existem os administradores que pensam e desenvolvem projetos que são
na grande maioria entrave para o desenvolvimento social do operário. “[...] A exclusão do trabalhador, produzir-se-ia
uma exclusão social” (Tedesco, 2002, p.03). Assim sendo, para o
capitalismo o proletário não deve refletir sobre sua ação, deve apenas
executá-las, pois na empresa existe alguém que pensa por ele.
A racionalidade não é voltada para a emancipação do
indivíduo, mas sim, para possibilitar a exploração do trabalhador pelo sistema
de produção vigente. A racionalidade é
voltada para a desenvolver no indivíduo competências e habilidades, não possibilitando
a problematizar das dificuldades existentes na sociedade.
A tomada de consciência da
exclusão não gera uma reação organizada de mobilização. Na exclusão não há
grupo contestador, nem objeto preciso de reivindicação, nem instrumentos
concretos para impô-la. (...) A exploração é um conflito, a exclusão é uma
ruptura (Castel, 1995, p. 147).
Entretanto,
cabe a escola, numa sociedade desumanizada como a nossa, discutir a
problemática da racionalização das atividades na empresa não com o objetivo de
aumentar a produção e a melhoria da qualidade de vida do trabalhador. Nem tão
pouco o enriquecimento dos donos dos meios de produção. Mais discutir a
realidade de seus alunos para assim buscar solucionar os fenômenos sociais ali
encontrados. Assim a escola, terá cumprido sua função social quando transformar seus estudantes em
sujeitos críticos que repudie toda forma de preconceito e discriminação e
tenham a habilidade de tomar decisões de
caráter técnico, político, social e ético, sem que isso comprometa a sociedade.
O debate da inclusão,
gravita em torno da perspectiva de que é no pensar e fazer que os processos
capitalistas se materializam. A história social é feita e materializa por cada
sujeito. Cada indivíduo é que faz através de sua pratica o capitalismo existir.
O domínio capitalista é exercido por nós e para nós. “Exploradores e explorados
pertencem à mesma esfera econômica e social, já que os explorados são
necessários para manter o sistema. A tomada de consciência da exploração pode
provocar uma reação de mobilização coletiva” (Tedesco, 2002, p.04).
Neste sentido, se todos os
que se encontram em situação de exclusão se rebelassem o sistema capitalista
seria desfeito e surgia um novo modelo. Os explorados de hoje que se submetem à
jornada de trabalho e a disciplina de uma empresa por um salário que não dá
para o indivíduo subsistir até o final do mês, e aqueles indivíduos que
gostariam muito de estar no lugar do explorado. De certa maneira, a inclusão é
uma tentativa de promover determinados indivíduos para serem explorados pelo
sistema. Os explorados são os sujeitos privilegiados pelo sistema de
exploração. O excluído é fruto da nossa maneira de pensar.
O discurso oficial de que
a escola é para todos, no meu entender não passa de um discurso merocrático.
Todos sabemos que a educação está a serviço do capitalismo e que a melhor
escola define-se em competências e habilidades requeridas pelo mercado. Ou
seja, é o mercado que regulariza as relações sociais, inclusive dentro da
escola.
Portanto, a educação é
pensada pelo capitalismo, busca universalizar e elevar o padrão do ensino, não
porque o sistema capitalista está preocupado em promover o desenvolvimento
socioeconômico ou em promover a mobilidade social. Mas, pelo fato de necessitar
de mão-de-obra barata e disciplinada e, neste caso, até aqueles indivíduos que
têm algumas necessidades são alistados, tanto como possível explorável, bem
como um exército de reserva. “A exclusão parece haver perdido poder para
espanto e indignação em um grande parte da sociedade. (...) Os excluídos devem
acostumar-se à exclusão. Os não excluídos, também” (Gentili, 2001, p. 51). É bom notar que para entender a inclusão e
preciso entender a exclusão em todos os sentidos.
6 Considerações finais:
O moderno capitalismo ocidental se
fundamentou a partir do desenvolvimento da racionalidade técnico-científico e de meios legais. Weber[10] entende, que o progresso do capitalismo
encontra-se no direito burocrático e racional, nas regras pensadas
racionalmente e no calculo. O
calculo para existir necessita de acordo
e regras sólidas A burocratização e a racionalidade da relação
capital/trabalho se fundamentam na
modernização dos meios de produção e na ética da exploração do homem pelo
próprio homem.
A racionalidade técnico-científica é
uma das ideologias que o capitalismo tem utilizado para levar o trabalhador há
uma permanente qualificação. Racionalidade, no sentido weberiano, é a busca
pelo aperfeiçoamento das condições das técnicas de produção.
As
mudanças de paradigma e rapidez como que as informações circulam em nossa
sociedade não veio acompanhado de desenvolvimento dos valores morais, mas da
degradação da humanidade, através do crescente aumento dos excluídos, da
discriminação racismo, terrorismo, xenofobia, etc.
As
transformações pelas quais a sociedade Pós-Moderna vem passando, tanto em
relação à cultura, com em relação à teoria do conhecimento, isso devido os
avanços técnico-científicos como a clonagem, a biotecnologia, a informática, etc. não possibilitaram
melhoria na qualidade de vida das pessoas nem nos países centrais, nem tão
pouco nos paises periféricos.
As inovações tecnológicas trazem novas formas de pensar,
agir, de se relacionar. Tecnologias com a internet, possibilitam a humanidade
rever seus conceitos de tempo e espaço. As pessoas são incluídas e excluídas
das discussões, tanto por políticas públicas como por iniciativas privadas.
A sociedade
Pós-Moderna mergulhou em
fenômenos como a: internet, a globalização, clonagem, biotecnologia, etc, do
outro lado, a degradação do homem e meio ambiente, a miséria, o consumismo,
etc. O uso computador na educação é uma
nova fronteira para a transformação da
informação em saber.
7
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Henry Ford no início do século XX nos EUA em uma linha de montagem na indústria
automobilística.
[2] Expressão teórica do processo de trabalho parcelado e
que foi levado a efeito pelo engenheiro
norte americano Frederick Taylor (1856-1915). O tayolorismo estabeleceu
os parâmetros e métodos de racionalização da produção e que visa aumento de produtividade com a
economia de tempo, a suspensão de gastos desnecessários e comportamentos
supérfluos no interior do processo produtivo. Atualmente o tayolorismo está
presente na escola através do parcelamento das atividades docente e da
hierarquização.
[3] Em relação à racionalidade; Max Weber compreende que a
racionalidade é classificada em quatro tipos que são: racionalidade conforme
fins determinados, que está ligada à
intencionalidade da ação do agente social, onde há previsão, calculo,
planejamento com os fins da ação; racionalidade conforme valores, tem haver com valores, crenças, o agente agem
conforme suas convicções; afetiva especialmente emotiva que é determinada pelas emoções do agente social;
tradicional que é determinada conforme os costumes e tradições (Fraga, 1999, p.
82-83).
[4] É a transformação do trabalhador em objeto, ou seja, em
coisa que poderá ser substituído a qualquer momento por alguém ou alguma
tecnologia que tenha mais habilidades e que se dedica a executa as mesmas
tarefas em menor tempo e com maior eficiência.
[5] São parâmetros de
investigação cientifica, a partir do qual o pesquisador se aproxima do objeto
investigado. O tipo ideal é uma construção racional que cumprido com algumas
exigências formais, deve apresentar em seu
conteúdo as características de uma
utopia. De fato o tipo ideal
nunca ou dificilmente pode ser achado na realidade.
[6] Ator social é entendido aqui como aquele que
é capaz de modificar as relações sociais.
[7] Ver, Levy, Pierre. Inteligência
Coletiva. Por uma Antropologia do Ciberespaço. São Paulo: Loyola, 1999.
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